Somente para deixar registrado aqui, não precisam se prender a essa matéria queridos amigos.
Por isso não formatei o texto:
Esporte Choro e tiro no Barão
Em Osasco, XV não joga nada Partida, que seria a redenção do alvinegro, foi um desastre; diretor de futebol atira para o alto e se arrepende
LUCIANA CARNEVALEEspecial para a GazetaEra pra ser um dia, e, certamente, até uma semana, de festa, celebração, de alegria, risos soltos e alma lavada. Não foi isso o que aconteceu. O sonho acalentado há 10 anos, a duras penas, por uma torcida guerreira, heróica, pacífica, organizada e, acima de tudo, paciente, acabou, mais uma vez, se transformando em pesadelo. Por pouco, o não-acesso do Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba da fatídica Série A3 do Campeonato Paulista, à A2, em 2010 (o time precisava apenas de um empate pra chegar lá), não acabou em tragédia.Abaladíssimos com a derrota do alvinegro diante do Grêmio Osasco, que tem apenas dois anos de vida, na casa do adversário, pelo placar de 3 a 0 na partida realizada domingo (7) pela manhã, muitos dos torcedores que lotaram 14 ônibus (o número foi confirmado pela Polícia Militar) foram surpreendidos por um tiro disparado para o alto, do lado de fora do Estádio Barão de Serra Negra, pelo advogado, ex-presidente do clube e atual diretor de futebol do XV, Renato Bonfiglio. É importante lembrar que o XV tem uma folha de pagamento de R$ 80 mil mensais, muito superior inclusive à de clubes mais simples. O Monte Azul, que subiu à A1 neste ano, desembolsa todos os meses R$ 35 mil em salários.Bonfiglio, que durante todo o dia de ontem (8) foi procurado pela Gazeta, sem êxito, alegou, em entrevista à equipe de esportes da rádio Onda Livre AM 910, pela manhã, que fora recebido a pedradas, rojões e bombas caseiras lançados por torcedores. Os argumentos, contudo, foram veemente rechaçados tanto por policiais que estavam no local em 10 motos e em cinco viaturas da Força Tática, divisão de elite da PM, quanto por torcedores e piracicabanos que residem no entorno do Barão. Os quinzistas permaneceram todo o tempo atrás do alambrado que cerca o Estádio e Bonfiglio foi visto sozinho na porta de uma das salas do Estádio. Em questão de segundos, ao ver a torcida protestando num bate-boca sem vandalismo ou maiores problemas, o diretor de futebol entrou no vestiário e sacou a arma, um revolver Taurus, calibre 38, de quatro polegadas, com capacidade para seis balas. Oficialmente, um projétil foi deflagrado e não dois como chegou a ser cogitado extraoficialmente. Assim que o tiro foi ouvido, o medo tomou conta de todos. Receosos e aturdidos, os torcedores, entre eles muitas crianças, idosos e mulheres que choraram copiosamente, ainda em Osasco, tristes com o fim da esperança, tentaram se proteger de alguma forma. Ninguém entendeu a conduta de Bonfiglio, que recebeu voz de prisão por volta das 14h45 e foi levado por homens da Força Tática, sob o comando do tenente Pansonato e do soldado Duarte, ao plantão localizado à rua São José. A ação dos policiais foi elogiada por ter sido correta, sem alaridos.SURREAL. Perplexos, os torcedores praticamente não reconheceram Bonfiglio. O dirigente, que muitas vezes fora carregado após jogos do XV, era admirado como um pai pela torcida justamente pela postura de quinzista fiel.Era daquelas pessoas supersticiosas, que vestiam, ao longo de dias, pra dar sorte, a camisa de uma única cor – a preferida dele era a amarela. Embora não tenha sido algemado, Bonfiglio permaneceu em cela isolada, no plantão, até as 21 horas, quando houve o anúncio da liberação, pela Justiça. O dirigente deverá responder, ainda que em liberdade, a processos de disparo em via pública e porte ilegal de arma. Em entrevista exclusiva à Gazeta, o soldado Duarte, que encontrou a arma debaixo de uma lona, nos vestiários, depois do disparo, disse que os policiais providenciaram a escolta dos torcedores de Piracicaba à rodovia dos Bandeirantes, no caminho a Osasco, e no retorno à cidade. Os oficiais estavam no Barão e acompanharam todos os passos que culminaram com o tiro e a prisão. A arma, embora não registrada, apresentava numeração. Bonfiglio, porém, não tem porte e nem possui registro para o uso do revólver. “Não vimos pedras ou nada que pudesse representar perigo à integridade do dirigente e mesmo aos próprios torcedores”, conta Duarte. “Estavam bravos, mas num tom aceitável. Não vimos avarias nos alambrados, nada semelhante”, pondera.O XV fica na A3, mas Osvaldo Cruz, Pão de Açucar, Osasco e Votoraty sobem.Dedicação absoluta e problemasO que houve no domingo, em Osasco e no Barão, foi a gota d'água para uma situação que há meses se mantinha nos bastidores do XV e, aos poucos, corroía a credibilidade de um plantel tradicionalíssimo. 'Igrejinha' – termo muito usado no futebol para caracterizar a disposição dos jogadores em não agir conforme apregoava o técnico – foi apenas um dos problemas. Em campo, apatia, misturada à arrogância de vários boleiros, foi evidente. Parecia que os jogadores do XV não sabiam sequer os fundamentos básicos do futebol, de tão ruins em Osasco.O lado oposto, e positivo, foi creditado aos torcedores. Nos últimos dias, eles se uniram ainda mais e trabalharam com afinco para levar o maior número possível de quinzistas para Osasco.Apaixonados pelo Nhô Quim, não escondiam de ninguém a dor no peito e a humilhação sentidas em Penápolis (SP), há poucos dias, quando foram recebidos com uma saraivada de pedras e bombas. Queriam ver o XV na A2 e lotaram os coletivos. Muitas vans e carros particulares seguiram para Osasco, numa comitiva recorde.Alegres, pareciam não se importar com o calvário que foi a viagem. Além de ter de suportar a derrota e as brincadeiras de mau gosto dos poucos torcedores do Osasco, os piracicabanos não puderam se alimentar, tomar água ou ir ao banheiro. Sempre que paravam em um posto de estrada, eram surpreendidos por policiais de outras cidades que não autorizavam a entrada aos estabelecimentos. Exautos, chegaram ao Barão para pedir mudanças. Ouviram o tiro. Algumas torcidas ficaram até com dívidas, cerca de R$ 4 mil já contabilizadas. Isso porque algumas adquiriram ingressos antecipadamente, imaginando que no Estádio do Osasco não haveria a comercialização dos tíquetes. Queriam garantir o acesso da torcida. Na Grande São Paulo, se depararam com um cenário totalmente inverso. As bilheterias estavam abertas.Uma soma de erros detonou o alvinegro no CampeonatoDurante todo o dia de ontem, marcado por temperaturas baixas e tempo ‘carrancudo’ (nublado), bem ao estilo de um cenário triste, condizente com a queda do XV no Paulista da A3, torcedores, cronistas e até a cúpula do Nhô Quim conversaram muito para avaliar o que virá pela frente.O destino do alvinegro foi tema de uma reunião que começou ainda à tarde e demorou horas para terminar.Ao ‘peneirar’ as informações, chega-se à conclusão de que não há um único culpado. A responsabilidade pelo abismo quinzista deve ser compartilhada, com exceção da torcida, por cartolas, membros da comissão técnica e especialmente de jogadores.O que chamou a atenção, durante a semana que antecedeu o jogo contra o Osasco, por exemplo, foi a expressão desanimada do técnico Edson Vieira. Muita gente que o via passar pelas dependências do Barão coçava a cabeça, pensativo. Afinal, o que estava acontecendo? O comandante alegava questões pessoais e até o compromisso decisivo para justificar a aparência mais séria, introvertida, mas o argumento não convencia. Nos bastidores, houve até quem dissesse que Vieira não contava com o apoio dos boleiros. “Mais de 95% dos jogadores não gostam dele”, disse um torcedor.Nos gramados, o fiasco total foi observado em algumas partidas. Passes errados, escanteios mal-cobrados e atuações decepcionantes aconteceram com frequência assustadora. A torcida, acompanhava, empurrava. Vieira chegou a confidenciar que o que era pedido aos jogadores não era cumprido. Entre todos os jogadores, apenas o goleiro Wanderson foi salvo do bombardeio de críticas nada infundadas. O arqueiro foi o único a conversar com a torcida, domingo.
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